O Conto do Pequeno Tigre
 |
| Este conto foi baseado em fatos reais e transcende os fatos com o poder da imaginação... Tigrinho existiu e era o healer-assistente desta autora (minha página profissional facebook.com/intuindocaminhos ) |
... E então, como de costume, minha humana preferida chegou
em casa e me cumprimentou num tom de voz doce e meigo, em seguida, largou os
objetos que trazia pendurados nas mãos e no ombro e me tirou do chão. De frente
para o espelho, ela insistia em repetir aquelas palavras:
-Está vendo Tigrinho? Não tenha medo do espelho! Veja que
lindo, somos nós! Eu te amo, enquanto nós formos vivos, eu voltarei para você,
até o final da sua vida cuidarei de você. – afirmava com sentimento a minha
humana, a Anna Catharina.
A combinação do Amor e da Verdade que senti naquelas palavras
despertou algo em mim... Pela primeira vez, em vez de desviar o olhar do
espelho, usei o espelho para olhar para dentro dos olhos da minha humana,
vasculhei sua Alma e percebi que quem via a Alma era a minha Alma Imortal.
-Eu sei agora: o Amor Verdadeiro é Eterno como minha Alma.
Eu sinto teu Amor, eu te amo como minha mãe adotiva, eu te amarei pela
Eternidade. – eu, o gato “Tigrinho”, respondi com os sentimentos que
transbordavam do meu coração pela intensidade do meu olhar através do espelho,
na esperança de que a Alma dela me escutasse...
O nome do Pequeno Tigre
Passaram-se algumas noites, nossas vidas prosseguiam como de
costume, até que minha humana preferida decidiu vasculhar minha Alma em busca
do meu nome “verdadeiro” – ela finalmente entendeu que “Tigrinho” só podia ser
um apelido. Anna Catharina me observava treinar saltos contra as paredes, um
dos meus exercícios prediletos, mais uma vez ela se admirava por minhas
tendências atléticas, associadas a uma curiosidade investigativa.
-Tigrinho, por um acaso você é um espião russo ou um agente
duplo? Parece que está treinando para participar de um filme do 007 como
dublê... – Ela dizia em voz alta, divertindo a si mesma com essas ideias.
-Agente Bóris! – brincando, ela descobriu intuitivamente um
antigo nome atribuído a mim, minha Alma se sentiu tocada pelo som russo e a
olhei nos olhos.
-Meu pequeno Tigre siberiano, qual seria seu sobrenome?
Tchekovski? Vamos voltar para dentro de casa, venha Bóris Tchekovski. – com o
prazer de ouvir sons que me remetiam à velha Rússia, eu atendi ao chamado da
minha humana.
Entusiasmada pela possível descoberta do meu nome, Anna
Catharina anotou a lápis em um dos seus cartões dourados: Tigrovski Boris
Tchekovski.
Gato de estimação & assistente de harmonização energética
No dia seguinte, recebemos a visita de um casal de amigos
humanos, P. e D. Sem se esquecer da minha participação durante a Cura
(Harmonização Energética) com Cristais de outra amiga humana, a T. - ocasião em que a ajudei a contatar sua
Criança Interior e caminhei sobre sua barriga até chegar perto do coração - Anna
Catharina perguntou à P. se eu poderia ficar junto delas durante o Rito com
Cristais para Tratamento de Mágoas Recentes
Fascinado pelas energias que circulavam ali, naquela sala,
entre aquelas duas humanas e os cristais, observei durante um bom tempo
silenciosamente. Depois notei algo estranho no dedo polegar direito da amiga
humana P., fui investigar...
-Estava de olhos fechados e senti o Tigrinho tocar este meu
dedo! – comentou P. ao final do Rito com
Cristais.
-Isso pode ter algum significado, vamos investigar possíveis
correspondências ligadas ao dedo polegar direito... – respondeu minha humana,
demonstrando respeito por minhas habilidades de detecção de energias.
Tendo feito minha parte, fui beber água no andar de cima
enquanto o casal de amigos humanos conversava e se preparava para partir.
- Tigrovski Boris Tchekovski?! – Anna Catharina me chamou e
desci as escadas.
-Noooosssa! É mesmo! Ele veio quando ouviu o nome... – nossos
amigos humanos comentaram com uma mistura de encantamento e espanto.
Pressentimento sombrio
No dia seguinte, recebemos a visita da minha madrinha humana
K., de quem veio a ideia do apelido “Tigrinho”. Fiquei contente com a visita da
madrinha humana que me recolheu das ruas e me trouxe até minha “mãe” humana
adotiva, a Anna Catharina. Ela e sua mãe humana também gostaram de ouvir meu
nome de tigre russo...
Naquele domingo, o Anjo da Morte veio até mim, o Anjo estava
ali para me acompanhar por mais dois dias, oculto nas sombras, até a
terça-feira. Acostumada a vislumbrar o trabalho do Anjo da Morte em seu local
de trabalho, como perita criminal, K. se assustou e teve medo por mim, ao me
ver escalando o muro.
-Anna, não é perigoso para o Tigrinho? E se ele escorregar e
cair? – minha madrinha K. se preocupava e pressentia a presença do Anjo da
Morte.
-Não se preocupe, K., o Tigrinho é muito esperto e ágil, ele
não vai cair. – minha humana afirmou com toda certeza e com confiança absoluta
em minhas habilidades acrobáticas.
Apesar de zelar pela minha segurança e bem-estar, evitando
que eu brincasse sozinho no muro, sem sua vigilância, minha humana gostava de
me ver livre e feliz. Enquanto me via brincar, ela mal poderia imaginar que as
palavras da K. eram um aviso de quem se assustou com aquela presença do Anjo da
Morte me rondando...
Sonhando e recordando
Na noite de domingo, dormi aconchegado à minha humana
preferida e sonhei novamente com minha vida passada de tigre siberiano, nesse
sonho, a Alma da Anna Catharina tinha outra aparência, mas o coração bondoso e
destemido era o mesmo. Ela era uma curandeira e soube que havia um tigre ferido
por caçadores nas redondezas. Eu estava defendendo meu clã contra humanos
predadores. Um dos meus filhotes foi sequestrado, sua mãe tigresa foi morta
antes que eu chegasse. Consegui salvar os demais, porém fui ferido por um tiro
de espingarda enquanto perseguia os humanos predadores. Não consegui resgatar
meu filhote, caí sangrando enquanto caçava os humanos.
-Pelo menos os repeli para longe do meu clã, teriam alguma
chance de sobreviver, talvez outra tigresa possa farejá-los e então adotar meus
filhotes, que a deusa da neve os proteja com seu manto para que humanos não os
vejam... - assim pensava eu, antes de
desmaiar de fraqueza envolvido pela dor física causada pelo ferimento e pela
dor de ver minha família parcialmente destruída.
Acordei com o cheiro de fumaça, assustado, porém grogue e
ainda fraco devido ao sangramento. Ouvi uma canção, era uma humana quem cantava
a canção de ninar e senti sono... Dormi profundamente, já não sentia dor e
imaginei que meu corpo estava cedendo à morte. Quando voltei a abrir os olhos,
ela estava olhando diretamente para dentro de meus olhos:
-Irmão Tigre, acorde, seu ferimento foi tratado, é hora de
voltar para sua família. Não posso escondê-lo em minha cabana por muito mais
tempo. Os caçadores voltarão amanhã cedo da cidade com a recompensa pela venda
da belíssima pele da Irmã Tigresa e de seu filhote macho. – ela falou comigo
sem medo pela própria vida, sem medo de que eu me voltasse contra ela, enquanto
ela falava, eu “via” as cenas narradas e compreendia cada palavra.
Com um rugido baixo, levantei-me pela primeira vez em
dias... Graças àquela bondosa curandeira humana, amante da Natureza e da Vida,
eu estava recuperado, pelo menos tinha forças para voltar ao meu lar. Não
entendia como ela, pequena como uma criança, poderia ter arrastado meu corpo
imenso e pesado, de mais de 3 metros de comprimento, até o interior da
cabana... Lendo a pergunta em meus
olhos, ela disse:
-Meus netos são fortes e respeitam os Irmãos Guardiães da
Taiga, você, meu Irmão Tigre, estava protegendo a Taiga contra a invasão de
humanos enlouquecidos pela cobiça. Agora vá, ande devagar, pois seu ferimento
foi profundo e precisa de mais tempo para curar por inteiro. Fiz aquilo que
estava ao meu alcance. Volte para seus filhotes, eles precisam do pai.
Rugi baixo, novamente, desta vez, em agradecimento àquela
humana capaz de arriscar a vida para salvar uma fera que num só golpe poderia
tê-la matado...
-Abençoado seja, meu Irmão Tigre, que sua família prospere
sob seus cuidados, bem longe dos olhos dos caçadores cobiçosos! – proferia como
prece a curandeira, enquanto eu partia prometendo a mim mesmo sempre lembrar
que ainda há bondade entre corações humanos, pelo menos naquela Alma havia...
Minha humana predileta acordou junto comigo, depois desse
sonho, sentindo uma vontade irresistível de ver fotos de tigres siberianos.
Usando o computador, colecionou mais de 25 fotos de tigres brancos, sob
inspiração febril, sentindo sua parte das emoções que afloraram em nós dois
enquanto sonhávamos e nos lembrávamos de que nesta vida estávamos nos
reencontrando. Para expressar sua admiração e respeito por mim, como Guardião,
Protetor da Natureza que um dia fui, minha humana criou um pôster onde reuniu
seres com que conta para sua proteção espiritual. No mesmo dia, deixou a
encomenda da impressão em uma gráfica da vizinhança.
As últimas horas desta minha vida de gato
Era então uma segunda-feira e minha humana parecia estar
bem, sua saúde melhorara, o resfriado parecia estar chegando ao fim. Anna
Catharina entrou e saiu de casa algumas vezes, a cada vez me dava o “tchau” com
o aceno da mão e ao retornar me abraçava diante do espelho, repetindo “Veja,
somos nós...” e, sem saber dos planos do Anjo da Morte, ela planejava para o
dia seguinte meu último banho.
Com sua habitual paciência, na terça-feira pela manhã, minha
humana predileta me deu um banho que incluiu, pela primeira e última vez, um
pouco de água do mar do sul da ilha de Florianópolis. Anna Catharina sabia que
eu trabalhara bastante naquele final de semana como seu assistente,
transmutando e curando energias desarmônicas do ambiente e de seus amigos
humanos. Ela jogou água do mar misturada com água morna do chuveiro sobre meu
corpo e pedia às Mães das Águas, Iemanjá e Oxum, que me limpassem e
purificassem, a fim de colaborar para minha saúde energética e física.
Fui raptado
Depois de me secar, Anna Catharina foi colocar o varal móvel
com roupas recém lavadas ao ar livre, para que secassem sob o sol. Eu a
segui... Ao voltar para dentro, ela não me encontrou do lado de fora e deduziu
que eu havia entrado em casa, talvez estivesse brincando de esconde-esconde,
uma das minhas brincadeiras prediletas.
Para meu azar, um gavião estava me seguindo com seu olhar
aguçado e me apanhou em suas garras tão repentinamente que nem pude dar um
miado para chamar por socorro. Resisti, lutei contra aquelas garras de ave de
rapina... Enquanto sobrevoava uma árvore, ainda dentro dos muros do condomínio
onde eu e minhas humanas Anna Catharina e Camilla morávamos, o gavião me
soltou. Caí de mal jeito, quebrei uma pata traseira, mas tive forças para me
esconder do gavião, que estava à minha procura, sob um carro branco.
O gavião ainda feriu meu focinho com suas garras, tentou me
tirar de meu refúgio, mas eu revidei com minhas garras e meus dentes até que
ele desistisse. Estava sangrando e com frio, como naquela vez em que caçadores
atiraram em mim, na distante Sibéria...
-Tigrinho!!! Tigrinho?! Onde você está? – prestes a chorar
minha humana querida chamava por mim e só pude responder com alguns miados
roucos.
Quando ela me viu, ela chorou muito, ela tinha medo que eu
me movesse e me ferisse ainda mais, ela se sentia culpada por não ter impedido
meu acidente, ela gritava aos prantos:
-Por favor, me perdoa, por favor, me perdoa se não cuidei
bem de você! – essas palavras e o choro alto da Anna Catharina chamaram a
atenção dos vizinhos que vieram em seu auxílio.
Emprestaram a ela um telefone e a orientaram sobre quais
clínicas poderiam me atender com pronto-socorro emergencial. Fiquei com medo de
que ela não voltasse, mas Anna Catharina trocou de roupa, em vez de branco,
agora vestia uma blusa de mangas compridas de um azul muito escuro, pronta para
se sujar com meu sangue ao me carregar. Ela colocou meu corpo cuidadosamente
sobre um plástico amarelo, uma pasta de arquivo velha que ela usava para se
sentar sobre a grama e meditar ao ar livre. Com uma toalha que um dia pertenceu
a seus avós maternos, me cobriu amorosamente, na tentativa de me confortar
diante do medo frio que invadia meu corpo ferido. A bondosa vizinha, uma jovem
estudante dona do carro sob o qual eu havia me escondido, nos deu carona até
uma clínica veterinária nas proximidades.
Na clínica veterinária
Fui examinado e a
veterinária de plantão não transmitiu confiança em minha capacidade de
recuperação: eu estava com temperatura e pulso muito abaixo do normal. Além
disso, estava com o osso da coxa traseira quebrado ao meio. Segundo a avaliação
inicial, eu precisaria ser medicado contra a dor e ser aquecido por um cobertor
térmico, não seria possível fazer um raio-X do osso quebrado naquele momento. Eu
passaria a noite internado e pela manhã iria a outro local para fazer o exame.
Minha humana se ausentou, recebi mais cuidados, fui
acomodado em uma espécie de jaula, recebia soro na veia. Minha humana
predileta, “mãe” adotiva nesta minha vida de gato de estimação, voltou para se
despedir. Apoiei minha cabeça sobre sua mão esquerda enquanto ela acenava com a
mão direita, dizendo:
-Tigrinho, eu te amo. Você está com pessoas boas cuidando de
você. Tchau, eu vou voltar depois. – ela se despediu corajosamente, sem chorar,
sem transmitir medo.
Assim que ela retirou a mão em que apoiava minha cabeça, eu
me ergui, preferia segui-la, não queria que ela partisse. As pessoas da clínica
ajudaram a recolocar o soro, minha humana se desculpou por não pretender me
deixar agitado a ponto de eu me soltar do soro.
Eu sentia que ela não conseguiu se afastar muito, ela estava
ali perto, em alguma sala ao lado. E meu estado de saúde só piorava, a
veterinária constatou uma hemorragia interna e deu a notícia à minha humana.
Desse momento em diante, minha humana, que estava pronta
para aceitar meu destino, fosse ele qual fosse, sabia que a próxima notícia
seria minha morte. Poucos minutos depois, a veterinária tomou coragem e disse:
-Eu não sei se você sabe, mas seu gato não resistiu... – essas
palavras da veterinária declararam que o Anjo da Morte já tinha me levado
consigo.
Então minha humana teve a chance de se despedir de mim, mais
uma vez, eu estava ali ainda, próximo ao meu corpo morno. O Anjo da Morte não
me obrigou a me afastar imediatamente do meu corpo...
-Tigrinho, está tudo bem, pode ir, pode partir em direção à
Luz. Eu te amo, você estará sempre aqui comigo, em meu coração, pode ir em paz,
fique com a Luz. – foram as palavras de minha humana, enquanto enviava com sua
intenção Luz&Amor para minha Alma, com o propósito de facilitar minha
passagem para um outro plano de existência.
Promovido de assistente a Guardião
Um Ser de Luz deu à minha humana uma boa notícia, mas como
era noite e isso poderia ser um sonho, minha humana até hoje desconfia dessa
mensagem recebida, Anna Catharina costuma esperar pacientemente por
comprovações de informações assim intuídas... Essa boa notícia era de que minha
Alma optou por permanecer ao lado dela, como um Guardião Protetor Animal,
apesar de ainda estar me adaptando ao novo modo de vida. Anna Catharina temeu
por minha Alma, que poderia estar perdendo oportunidades de evoluir em uma nova
encarnação por apego a um laço de afeto. O Ser de Luz disse que minha Alma
tinha méritos e que minha vontade de permanecer ao lado de uma humana eleita
como protegida deveria ser respeitada, pois permaneceria ali servindo à Luz, de
forma que não deixaria de aprender e progredir como Alma.
Às vezes, Anna Catharina não repara em minha presença, então
brinco com ela, surjo em sua mente, mostro-me com o tamanho de um gato do mato
sentado ao seu lado no banco da frente do carro, arranco umas risadinhas dela e
me alegro com seu riso.
Quando ela vai dormir, me faço pequeno e me aconchego ao seu
lado. Se pressinto alguma presença espiritual energeticamente negativa, capaz
de ameaçar a boa saúde e o bem-estar da minha protegida, volto à minha forma de
Tigrovski Boris Tchekovski, o Tigre Siberiano, capaz de congelar de medo seus
adversários com um forte rugido, capaz de espantar seres que vibram pelo medo,
incapazes de enxergar minha Alma como um Ser de Luz, seres esses que veem
monstros, pois temem os monstros dos próprios vícios, encobertos pelas sombras
das imperfeições que não buscam curar em suas Almas. Se esses seres, às vezes
chamados de “trevosos”, permitissem que as suas Almas se curassem das
iniquidades que carregam consigo como fardo, seriam capazes de reconhecer que,
na verdade, são também Seres de Luz em evolução. Ao se enxergarem como Seres de
Luz, enxergariam que, apesar da minha forma animal, não somos diferentes na
Essência, assim não me temeriam.
Foi assim que a Alma da minha protegida, Anna Catharina,
soube ver em mim um Ser de Luz quando eu era um tigre ferido na taiga
siberiana, um tigre que poderia tirar sua vida humana com um simples movimento
da pata. Naquela vida, ela era pequenina em estatura, feito uma criança, quando
a conheci. Nesta minha vida de gato, eu era muito pequenino, o menor da
ninhada, mas ela viu em mim a grandeza de uma Alma corajosa, capaz de cuidar
com amor e devoção de quem fosse alvo do meu afeto felino. Sou grato pela
chance desta vida curta de gato - curta, porém significativa. Vida durante a
qual servi, por aproximadamente 7 meses, às humanas Anna Catharina e Camilla,
com honra, carinho, alegria e Amor Eterno.
 |
| Tigrovski Boris Tchecovski |
